Na última quinta-feira, 05 de abril, diversos nomes de grande expressão na cultura urbana promoveram a assembleia de fundação da Associação da Cultura Hip Hop do Rio de Janeiro, no Circo Voador. Neste dia histórico, foi feita a leitura do Estatuto e a votação da chapa de Gestores.

Organizado inicialmente pela ativista e MC Taz Mureb, de Cabo Frio, pelo grafiteiro e MC Airá O Crespo, DJ Fábio ACM, Dom Negrone, DJ Erik Skratch, a criação da associação seguiu, inicialmente, alguns moldes da Associação de Hip Hop de Esteio, do Rio Grande do Sul, que tem como representante o MC e militante Rafa Rafuagi. Durante a assembleia no Rio presidida por Bira Tomé, expoente representante das rádios comunitárias, os sócios-fundadores fizeram a leitura e adaptação do Estatuto de acordo com a realidade carioca.

Participaram da assembleia: Taz Mureb, DJ Fábio ACM, Luck (C.B.C.R.), Arthur Moura, DJ Erik Skratch, Dom Negrone, Vinni Max, Xará, Repper Fiel, MC Oz, Sistah Mo, Shackal, DJ Premier, M.R. Bocca, Monique Barcellos, Bira Tomé, Daianne Nogueira, Cacau Amaral, Murilo Caetano e Mirian Ester. A abertura dos trabalhos ficou por conta do militante Airá O Crespo, que explicou a importância de representantes culturais se organizarem no Hip Hop. Assista um trecho:

Na sequência da assembleia, foi lido o Estatuto, que define os principais objetivos sociais, entre eles, receber aqueles que articulam com uma ou mais vertentes e buscam a interação e viabilização das relações e ações culturais, além do fortalecimento das atividades econômicas conjuntas, especialmente relacionadas à Cultura Hip Hop e as artes em geral.

De acordo com o Estatuto, os associados poderão desenvolver projetos como cursos técnicos e profissionalizantes nas mais diversas áreas, promover eventos socioculturais tendo como base a Cultura Hip Hop, fomentar atividades educacionais por meio de oficinas, palestras, cursos, entre outros. 

(Fotos e Vídeo: Divulgação)

Ao final da assembleia, ficou decidido através de votação, por unanimidade, o Corpo Gestor da Associação, composto pelos respectivos membros: DJ Fábio ACM (Coordenador Geral e Administrativo), M.R. Bocca (Coordenador Financeiro), Dom Negrone (Coordenador de Projetos, Eventos e Produção Cultural), Taz Mureb (Coordenadora de Autogestão e Sustentabilidade), Luck G.B.C.R.(Coordenador de Oficinas e Desenvolvimento Pedagógico) e Airá O Crespo (Coordenador de Comunicação Social). O Conselho Fiscal ficou composto por Erik Skratch, Monique Barcellos e Rapper Fiel.

UMA QUESTÃO DE VISIBILIDADE

A BUSCA POR LEGITIMIDADE NAS ESFERAS PÚBLICA E PRIVADA

A Associação da Cultura Hip Hop do Rio de Janeiro marca este novo momento de organização na cena, com o objetivo de interagir com entidades educacionais, culturais ou sociais, públicas ou privadas, para desmistificar e divulgar as muitas vertentes da Cultura Hip Hop, promover o bem-estar social através da cultura e da educação, sempre com base na Constituição Federal e em seu regimento interno.

Foi amplamente discutido por alguns membros a necessidade do representante da Cultura Hip Hop no Rio de Janeiro buscar capacitação e coletividade para, dessa forma, gerar visibilidade. A ideia é ocupar cada vez mais espaços na esfera pública e privada, através de projetos, eventos e ações sociais.

Confira a Galeria de Fotos desse dia histórico para o Hip Hop:

Contato: achiphoprj@gmail.com 

Considerado um dos precursores da cena undergound carioca, o rapper SpeedFreaks, mais conhecido como Speed, também possui uma intensa trajetória como produtor e multi-instrumentista. O músico niteroiense terá sua vida e obra retratada em dois projetos: uma Biografia e um Documentário, idealizados e produzidos por amigos e fãs. O estudante de cinema, Rafael Porto e o jornalista e escritor Pedro de Luna se uniram nesta causa e, em breve, lançarão uma campanha de financiamento coletivo (crowndfunding), para cada um seguir com as produções. Ambos os projetos foram iniciados em 2017, de forma independente e o lançamento está previsto para 2020, quando se completam 10 anos da morte de Speed. (Foto: Ilustração - ArtCoolArt)

Conhecido pelas participações junto a grupos como Planet Hemp e pelos anos de parceria com Black Alien, quando fundou a banda SpeedFreaks, nos anos 90, Claudio Marcio de Souza Santos (16/05/1972 - 26/03/2010), vulgo Speed, é celebrado por seu estilo livre e sagaz nas letras e autenticidade nas produções musicais. Entre seus trabalhos mais contundentes está o disco solo Expresso (2001), que foi considerado “o melhor disco de rap dos últimos tempos” pela mídia especializada. O álbum tem participações de Otto, Bnegão, Rappin'Hood, Max B.O., Black Alien, DJ Nuts, Paulo Napoli, Lurdez da Luz e DJ Zegon - onde Speed, além de MC, assina a produção executiva. Sua discografia soma 8 álbuns e seu legado ainda é referência para a grande maioria dos MCs, DJs e músicos envolvidos na cultura hip-hop.

Ouça o álbum Expresso (2001):

Juntos, Pedro e Rafael lançarão um livro e um documentário, contando a trajetória e a importância desse verdadeiro precursor do chamado rap underground. As entrevistas já estão sendo realizadas desde o ano passado, e a biografia deve chegar primeiro.

O LIVRO

O que poucos sabem é que, antes de ser conhecido como Speed, Cláudio era um adepto do rock underground e multi-instrumentista da cena de Niterói. Com o título provisório de Eu Sou Assim, o escritor Pedro de Luna acredita que este livro somará muito à escassa bibliografia sobre o hip-hop e o rock independente brasileiro:

“Reconhecido como integrante do Planet Hemp, apesar do baixista oficial ser o Formigão, Speed participou de disco, clipe e dos shows tanto da banda quanto do Marcelo D2 solo. A música 'Quem que Caguetou? (Follow Me)', gravada por ele com Black Alien, foi remixada pelo DJ Fat Boy Slim e ficou famosa internacionalmente. Também entrou na trilha sonora do filme 'Velozes e Furiosos 5 – Operação Rio', que foi ambientado no Rio. O seu maior legado são as suas músicas, que deixou para a posteridade” - pontuou o autor.

O DOCUMENTÁRIO

Psicopata Camarada já está em fase de produção, as entrevistas estão sendo filmadas e a finalização será em 2019. O filme será lançado em 2020, quando faz 10 anos da morte do Speed. Apesar de não ter sido amigo de Speed pessoalmente, Rafael Porto, diretor do documentário, admirava não apenas as letras e as batidas das músicas do artista, mas também a sua atitude:

“Sem um tostão, num computador simples e velho, ele conseguiu lançar vários discos na internet e produzir os seus próprios clipes. Ele foi um verdadeiro MC underground. Sobre o documentário, é importante lembrar que tudo está sendo feito de forma independente, sem nenhuma verba ou patrocínio e por isso foi muito importante reunir fãs para formar uma equipe de jovens produtores que está atuando na cidade de Niterói inclusive com rap, mercado que existe hoje, graças aos precursores como o Speed.” - ressaltou Rafael.

Speed deixou sua marca, passando pelo contrabaixo no rock, horas de estúdio, batidas e rimas representando o Rap Nacional e, assim ganhou o mundo, sempre se atualizando com novas tecnologias e poucos recursos, tinha ciência de um mestre e era profundo defensor de sua arte. Dessa mesma maneira que os fãs e amigos entendem a urgência de fazerem jus à sua vida e obra, através da produção de conteúdos legítimos.

Vamos combinar: Já se foi o tempo em que o Hip-Hop era representado exclusivamente por Manos e Minas. Vivemos o tempo em que a Cultura Urbana é muito bem representada pelas Manas! Trans comandam. Drags comandam. Ainda mais na Cultura Urbana, quando o assunto é Atitude, Beleza, Diversidade e Resistência. No Rap não é diferente. Elxs estão vindo com tudo e mais um pouco. Por isso, preparamos essa sessão especialmente para NÓS! Por nós. Até porque, todo o conteúdo do Blog é produzido para todxs! RAP DE FATO NEWS. 

Afinal, as manas não poderiam ficar de fora, não é mesmo? E vamos de representatividade! Conteúdos exclusivos, lançamentos, entrevistas e temas variados. 

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