Estreia da Semana
"Tetro" é a história do irmão mais velho, que jurou nunca mais ver a família, desmembrada e afastada por conflitos que ficaram por resolver. Bennie, o irmão mais novo, segue o exemplo, foge de casa e embarca em um navio para a Argentina em busca de Tetro. Outrora um brilhante poeta, Tetro está distante e amargo. Rejeitou o nome e deixou de escrever. Na casa de La Boca, Bennie descobre textos antigos do irmão, onde estão guardados os segredos daquela família, arruinada por rivalidades. (Fonte: filmescomlegenda)

Gênero: Drama
Diretor: Francis Ford Coppola Elenco: Vincent Gallo, Maribel Verdú, Alden Ehrenreich, Klaus Maria Brandauer País de Produção: Argentina/Itália/Espanha (2009)
Exibição: Já nos Cinemas
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O filme que estreou ontem (10) nos cinemas marca regresso de Coppola
- Por Monique Barcellos
Um retorno curioso para os novos cinéfilos, como quem se dá conta de que hoje ele possa estar mais para o Pai da Sofia. E no alto da sua experiência, hoje aos 71 anos, ele está com tudo: Francis Ford Copolla ("O Poderoso Chefão" / "Apocalypse Now"), senhoras e senhores. "Tetro" não é apenas mais uma prometida bomba como "Youth without Youth" de 2007, sem muito avanço.
Mas não subestimemos o Mr. Coppola, vamos dar um crédito por seu silêncio criativo. Afinal, "Tetro" quebrou um jejum de 35 anos sem uma produção independente e original! Segundo o crítico Marcelo Janot destacou no Rio Show, "Tetro" tem um significado especial por ser o primeiro filme baseado numa ideia original de Coppola desde "A conversação"(1974). Não à toa, alguns críticos são implacáveis para ver qualquer escorregão de Copolla - loucos para trabalhar - ou elucidar qualquer atuação mediana de um protagonista...
Confira o Trailer Oficial de "Tetro":
Acabei de assistir ao filme e aí vai minha impressão - "Tetro" é um dos filmes mais interessantes de Coppola em muitos anos e por muitos ângulos. Com a trama que se passa na Argentina, algumas cenas engraçadas, mais teatrais e até mesmo as mais exagerdas lembram a estética almodovarina, mas isso "até a página 2". A história de "Tetro" é cercada de mistérios e problemas em família - típicos da linguagem de Copolla. É curiosa a forma com que ele retrata a história de sua própria família em "Tetro". Pai músico, mãe atriz, descendente de italiano, seus filmes defendem o tema familiar. Destaque para a trilha sonora, que traz "Naomi", uma música de Carmine Coppola, músico e pai do cineasta.
"NO SUELTES LA SOGA QUE ME ATA A TU ALMA" (Não solte a corda que me prende à sua alma): essa frase inscrita no muro de La Boca carrega toda emblemática de Coppola. Família em primeiro lugar; laços; conflitos. Com uma fotografia suave em preto e branco, Coppola destaca as partes das memórias dos personagens com imagem colorida e atuação bem teatral. A história de "Tetro" é narrada de forma clichê, é bastante explicativa entre os diálogos. Trata temas clichês, com estética clichê, o que muitos poderiam dizer ser bem chato. Mas a genialidade do roteiro completa um enredo poético, a destacar as atuações marcantes de Vincent Gallo, Alden Ehrenreich (foto abaixo) e da atriz espanhola Maribel Verdú.

Aí está a mistura de recursos ditos "ultrapassados" ou não mais comerciais nos dias de hoje, para a indústria cinematográfica e seus multi efeitos. Estamos diante de uma produção independente, onde Coppola faz seu regresso em grande estilo e afirma ter escolhido a estética em preto e branco para dar a "Tetro" um realismo poético. E realmente esse recurso (até bobo para o cinema contemporâneo) dá uma ideia secundária de que estamos assistindo uma história de ficção, com pinceladas de Almodóvar ao vermos situações impensáveis fora das telas - ao mesmo tempo, sublinhadas com sutileza e ludicidade. Até as cenas violentas ficam incrivelmente poéticas.
Para muitos, a tradução do cinema está em imagens preto e branco. Isso é como um emblema... É como ver o passado no agora. Coppola já havia rodado um longa-metragem em preto e branco com partes coloridas, exatamente como em "Tetro", no filme "O selvagem da motocicleta" de 1983. Pelo que parece, essa tendência também está com tudo no cinema brasileiro - como ilustrou a capa do Segundo Caderno do O Globo (10) na matéria de André Rocha.
Foto: Flavowire.com
Para alguns, talvez seja um filme parado, adornado nas molduras de cada personagem. Um filme interessante para quem gosta de ver um elenco afiado (foto acima), e não somente a atuação do protagonista. Pode ser decepcionante para quem quer ver um filme sem clichês para abordar um assunto clichê: problemas familiares. Pode ser um filme irritante para quem acostumou com os filmes de Coppola atrelados às amarras hollywoodianas ou às versões de livros.
É um filme não tão experimental, porém, sujeito a escorregões. Ainda assim, um filme com um roteiro inteligente e sedutor. Autêntico. Não espere um besteirol, nem espere tiroteio, tapa na cara, não espere nada. Espere poesia e assista... Pode esperar um autor que não tem medo de arriscar, que está no jogo. Sofia Coppola tem berço e ainda pode se orgulhar. Papai Coppola is back to the track e em ótima forma. Vale à pena.
Confira mais imagens do Filme e do Making Off - CLIQUE AQUI
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:: Extra ::
Vincent Gallo como protagonista
Por Monique Barcellos
Por que Coppola escolheu Gallo? Quem conhece as produções Lado B de Vincent Gallo - apesar dele já ter atuado em filmes grandes, como "Os Bons Companheiros" de Martin Scorsese - já sabe o que esperar nessa nova aposta de Coppola. Além de ator, Gallo também é músico, produtor musical, diretor (tem filmes linha cult interessantes, entre eles o censurado "The Brown Bunny" (2003) com Clöe Sevigny (de "Meninos não Choram") e trilha sonora de John Frusciante. Esse filme ficou famoso por uma cena ultra realista em que Daisy pratica sexo oral com Bud (Vincent Gallo):
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